“Não é preciso fazer sentido para falar, é preciso falar para achar o sentido.”
Muitas vezes, acreditamos que só podemos falar sobre algo depois de entender exatamente o que sentimos. Como se houvesse um momento ideal, em que todas as emoções estivessem organizadas e prontas para serem expressas. Mas essa ideia é, na verdade, um mecanismo de proteção que aprendemos ao longo da vida para evitar o desconforto de nos confrontarmos com o que sentimos. Fomos ensinados a silenciar nossas emoções, a esconder nossas dores e a acreditar que expressá-las seria um sinal de fraqueza ou imaturidade.
A dificuldade em falar sobre si mesmo não é uma falha pessoal, mas um reflexo de um mundo que, muitas vezes, nos desestimula a olhar para dentro. Desde cedo, absorvemos a ideia de que sentimentos devem ser controlados, domados, evitados. Isso nos leva a um ciclo de autossuficiência ilusória, onde tentamos resolver tudo sozinhos, mas acabamos apenas girando em torno dos mesmos pensamentos, sem sair do lugar. Sem uma troca verdadeira, sem um olhar externo que nos ajude a enxergar novas perspectivas, permanecemos presos na repetição dos mesmos padrões.
Falar é um ato de coragem. Enfrentar essa dificuldade é um movimento necessário para romper com os limites impostos pelo medo e pelo condicionamento social. Quando colocamos em palavras aquilo que sentimos, damos um primeiro passo para transformar nossa realidade. E esse processo se torna ainda mais potente quando temos alguém que realmente nos escuta, sem julgamentos, sem pressa, sem a expectativa de que tudo faça sentido de imediato.
Por isso, se expressar é também um ato de sobrevivência emocional. Se permitir ser ouvido é abrir espaço para a possibilidade de mudança. E a terapia é exatamente esse espaço: um lugar seguro para encontrar sentido no que, a princípio, pode parecer apenas caos. Se dar essa chance é o primeiro passo para uma vida mais autêntica e livre.
.
Foto de Catrin Welz-Stein
